sexta-feira, 4 de junho de 2010

Ser e estar.

Você já pensou na diferença entre ser e estar?
Embora esses dois verbos sejam utilizados muitas vezes com o mesmo significado, uma reflexão mais detida nos sugere alguma diferença.
Quando dizemos, por exemplo: "eu estou nesta cidade", sugerimos que a nossa estada é passageira e que em determinado momento não estaremos mais ali.
Mas se dizemos: "eu sou desta cidade", pode-se entender que vivemos ali e que permaneceremos naquele lugar.
Do mesmo modo quando dizemos: "eu estou faminto". Todos entenderão que é uma situação passageira e que tão logo me alimente ela se modifica.
Ora, se observarmos as coisas do ponto de vista do espírito imortal, as diferenças entre ser e estar se tornam ainda mais perceptíveis.
É por não entender bem o que isso representa, que muitos de nós fazemos confusão entre ser e estar. Talvez por gostar da situação em que estamos, desejamos que ela seja permanente.
Assim é no campo do poder e das posses do mundo em que nos encontramos, apenas de passagem, que é o mundo físico.
Neste mundo, nem o corpo físico nos pertence de fato. É apenas um empréstimo para a nossa evolução enquanto ser imortal.
Dessa forma, eu não sou um corpo que tenho um espírito, mas sou um espírito que estou temporariamente num corpo que posso deixar a qualquer momento.
Se ocupo uma determinada posição social, estou nessa posição até que a deixe por um motivo ou por outro.
Quando dizemos que somos proprietários de muitos bens materiais, usamos o verbo incorreto, pois na realidade estamos proprietários por determinado tempo.
Quando dizemos: "eu sou paciente", usamos o verbo inadequado, pois se ainda perdemos a paciência, é que estamos pacientes em determinados momentos.
Nesse particular, Jesus foi o protótipo da paciência, pois essa virtude já fazia parte de sua intimidade, portanto uma conquista efetiva.
Por essa razão, é inútil que tentemos dar importância demasiada ao que tem importância relativa e passageira.
No campo do conhecimento não é diferente. Muitos nos dizemos conhecedores desta ou daquela filosofia, mas enquanto não as vivenciamos de fato, temos a teoria mas não somos verdadeiramente sábios.
Não foi outro o motivo pelo qual o Cristo fez a advertência: "se sabeis essas coisas, bem aventurados sois se as fizerdes".
Isso nos prova que há uma grande diferença entre saber e fazer. Entre ter conhecimento e ser sábio. Entre ser e estar.
Pense nisso!
Você ocupa uma posição transitória.
Está na posse de muitos bens ou numa condição de miséria.
Você pode estar numa situação privilegiada ou de desgraça.
Você pode estar com as rédeas do poder nas mãos ou apenas obedecer ordens.
Mas tudo isso são circunstâncias que o Criador lhe permite para que aprenda a ser alguém verdadeiramente digno e honesto.
Pense nisso!

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Muito Humilde

A pessoa que trabalha lá em casa é muito, muito humilde.
Você já deve ter ouvido esta frase, com certeza. E com a mesma certeza sabe que quem assim fala está se referindo a alguém com poucos recursos amoedados. Ou intelectuais. Ou ambos.
De um modo geral, associamos pobreza, analfabetismo, ignorância à humildade.
Contudo, foram humildes Jesus de Nazaré, Francisco de Assis, Francisco Cândido Xavier.
E esses não se enquadram nos itens destacados. Jesus era humilde, no entanto, a ninguém ocorre imaginar que Ele fosse um iletrado.
Profundo conhecedor da alma humana, o que Lhe confere, de imediato, alta condição psicológica, era igualmente conhecedor da História de Israel, da cultura do mundo em que vivia, das Escrituras.
Provam isso Suas falas, Seus pronunciamentos, reportando-Se à lei antiga, aos profetas, ao tempo político que se vivia então.
Ao  demais, era poeta, utilizando-Se sabiamente de figuras de linguagem, adequando-as ao ensino que desejava oferecer e às pessoas para as quais falava.
Ninguém foi tão grande quanto Ele. E era humilde. Ele mesmo O disse: Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração.
Francisco Cândido Xavier não dispunha de recursos financeiros, nem diplomas.
Mas ninguém ousaria dizê-lo ignorante. Basta recordar-lhe a sabedoria nas entrevistas que concedeu a jornalistas, repórteres, cientistas que desejaram estudar-lhe as qualidades mediúnicas.
Sabia portar-se em público, utilizando-se de vocabulário adequado, demonstrando a ilustração do seu intelecto.
Francisco de Assis nasceu em berço rico e abraçou a pobreza, por opção do ensino que desejou ministrar, em plena Idade Média.
Era humilde e conhecedor do Evangelho. Foi ainda compositor. Dizia-se o cantor do grande Rei, Deus.
No ideal de divulgar o Evangelho de Jesus em sua essência mais pura, agregou jovens ricos, homens cultos, no mesmo Ideal e os liderou.
Falava ao povo simples, falava a magistrados e às autoridades eclesiásticas.
Conta-se que, certa vez, em retornando de Roma a Assis, deteve-se na cidade de Ímola. Por questão de respeito hierárquico, apresentou-se ao bispo e expressou o desejo de pregar na igreja local.
Eu prego a meu povo e isso é o bastante! - Foi a resposta do bispo.
Francisco se retirou e voltou uma hora depois, fazendo o mesmo pedido.
Ante o espanto do bispo, pela insistência, respondeu:
Meu senhor, se um pai expulsa o filho por uma porta, ele deve voltar por outra!
O raciocínio coerente lhe valeu o direito de tomar lugar no púlpito do prelado para a pregação.
*   *   *
Humildade é virtude que brilha nos corações dos homens de bem.
Homens de intelecto mas que a ninguém desprezam.
Homens de posses, que a todos acolhem.
Homens que sabem reivindicar seus direitos, nunca sendo omissos.
Homens de bem. Humildes.
Repensemos nossos conceitos.
Redação do Momento Espírita, com relato de fato colhido
no cap. Onze (1213-1218), do livro Francisco de Assis,
 o santo relutante, de Donald Spoto, ed. Objetiva.
Em 02.06.2010.

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